domingo, 27 de novembro de 2011

Sem temas hoje...


Já faz algumas semanas que convenci a mim mesma que precisava escrever com mais freqüência neste blog.  Por falta de tempo e talvez dependendo da ocasião a falta de inspiração e imaginação tenham-me atrapalhado durante esse processo.  Nas férias irei escrever com mais freqüência para o meu próprio bem e dos leitores. Hoje, é um desses dias que não tenho bem o que escrever e por estar nesta situação e com a decisão que de uma maneira ou outra iria publicar algo, decidi escrever um texto no improviso.
Ora, ora... Acabei de descobrir que andar sem caminho e na verdade encontrar um caminho. De sem temas, achei um tema para escrever. Talvez não esteja entendendo nada o que é mais provável, mas o tema é próprio improviso, o amigo de todo escritor que necessita de uma solução imediata ou que se encontra sem nada para fazer.   
Seria o improviso um meio de caminhar de olhos vendados ou de correr desesperadamente?  Seria uma forma de resolver nossos problemas ou às vezes de trazer mais problemas? Quem é escritor sabe o que é isso, ter a necessidade de escrever um texto urgentemente por razões profissionais como o jornalista, ou porque falta imaginação e é necessário continuar uma história inacabada ou porque não tem o que escrever mesmo, este último caso é do qual me encaixo neste momento.
Escrever no improviso pode ter dois lados, gerar textos incríveis que nem o próprio autor antes imaginaria escrever ou gerar textos que não são tão bons assim que são mais frutos da falta de inspiração do que o improviso.
Então caro leitor, o improviso tem te acompanhado muito ou você prefere andar sozinho até que a inspiração volte? 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Um pouco de poesia - Cecília Meireles


Cecília Meireles é um dos maiores nomes da poesia do século XX. A época em que viveu é destacada pelo movimento Modernista, porém Cecília tinha influências não só deste movimento mais de diversos outros que antecederam a sua época, como por exemplo o Simbolismo, Romantismo entre outros, por isso não é possível  dizer em que escola literária pertenceu. Dona de um estilo de escrita único e marcante, é conhecida pelo seu lado intimista e lírico, abordava temas sobre a vida, a morte, o tempo, sentimentos e estados de espírito. Curiosidade: a poetisa nasceu no dia 07 novembro de 1901 e faleceu em 09 de novembro de 1964. De qualquer forma, parabéns, Cecília, sua memória sempre estará viva.


Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias, 
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico, 
se permaneço ou me desfaço, 
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.



Reinvenção

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... - mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida, 
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só - no tempo equilibrada, 
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na treva, 
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida, 
a vida só é possível 
reinventada.